XXX Congresso da União Nacional dos Estudantes
Manhã de 12 de outubro de 1968, zona rural de Ibiúna (SP): cercados pela Polícia Militar e pelo DOPS de São Paulo, mil líderes nacionais e estaduais do movimento estudantil brasileiro foram presos quando iniciávamos, na clandestinidade, o XXX Congresso da União Nacional dos Estudantes. Éramos o último bastião da resistência civil contra a ditadura militar. Dois meses depois, seria editado o AI-5, a ditadura dentro da ditadura. Tinha 20 anos de idade. Dentre os mil líderes aprisionados, 42 foram condenados em tribunais militares. Fui um deles. Condenaram-me a um ano e meio de detenção. Desde aquele momento, fui submetido a isolamento, tortura e maus-tratos e respondi a quatro IPMs (inquéritos policiais-militares), presididos por coronéis do Exército. Que crime cometemos? Pensar, fazer oposição política, manifestar-se nas ruas, organizar a resistência civil contra a ditadura militar. Lutamos. Adiante, após 21 anos de regime militar, a democracia triunfou, a resistência democrática venceu. Lutamos. Não se conquista democracia sem luta. Nós lutamos. Nós, a geração de 1968, triunfamos sobre nossos algozes.
Na cena da foto acima, o momento em que, cercados, éramos conduzidos aos ônibus que nos levaram, detidos, ao Presídio Tiradentes, em São Paulo.
* Foto recuperada do Arquivo Público do Estado de São Paulo - APESP, Prontuário n. 145.397. (7° volume) – Teresinha de Jesus e outros (f. 89).
Formação do Colina
Eu ainda era estudante de Sociologia na UFMG quando, em 1967, nos reunimos — eu, o então líder estudantil e médico Apolo Heringer Lisboa (que sugeriu o próprio nome do grupo), a secundarista disciplinada Dilma Rousseff, o calouro de Economia Fernando Pimentel e outros companheiros — para fundar o Comando de Libertação Nacional, o COLINA. Nossa meta era articular a resistência armada contra a ditadura; a inspiração vinha da POLOP e do espírito latino-americano de libertação. Entre os que se somaram à primeira leva estavam Carlos Franklin Paixão de Araújo, João Lucas Alves, Severino Viana Colon, Valdivo de Almeida, José Alves da Silva, Roil de Noronha Soares, além de Carlos Alberto Soares de Freitas. Dilma destacava-se pela tenacidade na organização dos aparelhos, Fernando cuidava da interlocução com os centros acadêmicos, e eu assumia a articulação com a UNE e a captação de apoios. Embora a repressão de 1969 nos tivesse dispersado, aquela semente mineira germinou depois na VAR-Palmares e deixou em todos nós a convicção de que a luta pela democracia era irrenunciável.


Construção do PT
Fundação do Partido dos Trabalhadores, selando uma aliança entre o sindicalismo do ABC e a inteligência crítica que resistira à ditadura. A mim coube costurar a participação de Minas — missão que me levaria, três anos depois, a ser eleito o primeiro Deputado Estadual petista do estado.











Deputado Estadual 1983-1987
Assumi meu primeiro mandato em 1983 como o único representante do recém-criado PT na ALMG. Logo presidi a CPI que investigou a Ruralminas, expondo loteamentos de terras públicas e empreguismo, e abrindo caminho para uma nova política agrária no Estado. No ano seguinte, Tancredo Neves e Lula confiaram a mim a coordenação das Diretas Já em Minas — caravanas, comícios e abaixo-assinados que fizeram do nosso mandato trincheira da redemocratização.














Tancredo Neves e Diretas Já
Nos primeiros registros, janeiro de 1983, Tancredo Neves adentra o plenário da Assembleia mineira de braço dado comigo, então líder do PT, acompanhado por Milton Sales (PFL) e Ademir Lucas (PMDB). Designada pelo presidente Genésio Bernardino para conduzir o governador eleito até a mesa diretora, a comissão simbolizava a convivência republicana que Tancredo cultivava — gesto de civilidade e afeto que permaneceu gravado naquela posse histórica. O segundo conjunto de fotos retrata a epopeia das Diretas Já em Minas. Em 1984, por indicação de Tancredo e de Lula, assumi a coordenação estadual do movimento. Com o apoio integral do Palácio da Liberdade, realizamos o memorável comício de 26 de fevereiro: 400 mil pessoas lotaram a Avenida Afonso Pena, enquanto Lula concedia entrevista na sala de imprensa da Assembleia. As imagens com Ulysses Guimarães e outras caravanas pelo interior completam essa memória coletiva da luta democrática que ajudamos a conduzir do coração de Belo Horizonte para todo o país.





Secretário de Educação de Contagem
Entre 1989 e 1992, à frente da Secretaria Municipal de Educação de Contagem. Criei 21 escolas, municipalizei as quatro primeiras séries do ensino fundamental, criei o cargo de “gerente escolar” para pôr a comunidade na gestão, instalei os Cantinhos de Leitura em cada sala, nucleei as escolas rurais para garantir transporte digno e instituí, junto a parceiros da assistência social, o primeiro Conselho Municipal da Criança e do Adolescente do país. Com essas frentes articuladas, reduzimos em dois terços o déficit de 22 mil matrículas herdado da gestão anterior e criamos as condições para que Contagem servisse, nos anos seguintes, de referência a outros municípios mineiros.




Encontro com Darcy Ribeiro
As três fotos de hoje registram momentos do Encontro Nacional da Undime, em Brasília, em agosto de 1991. Na ocasião, eu era presidente da Undime-MG. Na primeira foto, estou debatendo com o então ministro da Educação, professor José Goldemberg, e, ao lado, com o então senador Darcy Ribeiro. Na segunda foto, estamos eu e o senador Darcy Ribeiro em uma conversa fraterna entre amigos. Na ocasião, relembrei-lhe os tempos de exílio no Chile, entre 1970 e 1972, quando, a seu convite, fui ao apartamento do casal Darcy Ribeiro e da antropóloga Berta Gyndelmann. Conversamos por cinco horas. Relembranças. Na terceira foto, novamente estamos eu e o senador Darcy Ribeiro. O assunto dessa conversa foi minha experiência em Contagem como secretário municipal de Educação. Na ocasião, por meio da Rede Globo, o êxito de Contagem na educação tornou-se conhecido nacionalmente.






Medalha Tiradentes
Recebi, das mãos do governador Hélio Garcia, em Ouro Preto, numa manhã, a Medalha Tiradentes






Fundação do PSDB
Fundação do PSDB, com Pimenta da Veiga e Eduardo Azeredo. A síntese foi a campanha das Diretas. Naquele ato, rompemos com o clientelismo do velho PMDB e apresentamos ao país um partido social-democrata decidido a casar justiça social e modernização econômica.


Campanha eleitoral para Deputado Estadual em 1994
Em 1994, me candidatei a Deputado Estadual pelo PSDB. Não fui eleito, mas a campanha foi memorável.





Secretário de Estado de Educação
Fui convidado pelo governador Eduardo Azeredo para liderar a Secretaria de Estado da Educação.À frente da SEE-MG (1995-1998) criei programas como PROCAP, PROCAD, educação indígena e o Pacto de Cooperação Estado-Município, que municipalizou séries iniciais e universalizou o Ensino Médio em 853 cidades. Implantamos nucleação de escolas rurais, cantinhos de leitura e o projeto Travessia. O Estado liderou o ranking nacional de qualidade em 1997.




Reencontro com Dilma Rousseff
Após anos longe das articulações partidárias, reencontrei Dilma Rousseff, em 2010, logo após a sua eleição para Presidenta da República.






Recortes de Jornais de artigos e entrevistas
Os registros visuais a seguir são recortes de jornais que reúnem matérias, reportagens e entrevistas publicadas em diferentes períodos. Eles documentam passagens importantes.










